Nas nossas palestras sempre fazemos questão de mostrar como a falta de conhecimento sobre mercado financeiro pode impactar nos seus investimentos, ou até mesmo trazer prejuízo.
E se extrapolarmos essas ações individuais dos agentes econômicos, e observarmos o comportamento de um mercado1. Se esse mercado for inexperiente em suas transações financeiras?
Continuando, e se essa inexperiência impactar nas transações financeiras dos mercados mundiais?
Você pode imaginar que esse é um exemplo hipotético, mas será?
A China obteve um crescimento excepcional na última década, porém, a bolsa de Xangai só foi criada na década de 90, sendo, assim, considerado um mercado de ações imaturo, comparado com o resto do mundo.
Devido às restrições impostas pelo Governo Chinês, as transações são predominantemente realizadas por investidores domésticos, com pouca experiência. A falta de organizações profissionais e experientes significa uma volatilidade muito maior nesse mercado.
Recentemente tem havido uma preocupação geral no mundo sobre a desaceleração da economia chinesa. O principal receio é que essa desaceleração desencadeie uma reação exagerada dos investidores domésticos e leve à quebra do mercado de ações. Já parou para pensar no impacto mundial, caso esse cenário se concretize? A crise de 2008 iria parecer uma leve brisa.
É comum ao Banco Central Chinês tomar ações para estabilizar a bolsa, como redução das taxas de juros e compra de ações, no entanto, a incerteza sempre paira no ar de Xangai, a expectativa de medidas mais extremas nunca são descartadas pelos analistas, principalmente após uma eventual sequencia de quedas sucessivas da bolsa.
Um dos fatores mais relevantes que engatilharam a queda no mercado da China são as decisões precipitadas do Banco Central Chinês de desvalorizar o Yuan para permitir uma maior flexibilidade comercial.
Ao contrário da maior parte das moedas, o Yuan não possui câmbio totalmente flutuante2 de acordo com a demanda e oferta dos mercados internacionais. O Banco Central Chinês define diariamente o seu valor em relação ao dólar americano, com uma margem de 2% para cima ou para baixo.

A queda da bolsa chinesa espalha incertezas ao redor do mundo, e sempre há preocupação sobre futuras quedas no longo prazo.
Por outro lado, também no longo prazo espera-se uma maior maturidade dos investidores na da bolsa chinesa e, assim, a minimização de sua volatilidade.
O que pode ser mais rapidamente alcançado caso o governo chinês retire algumas restrições aos investidores estrangeiros, possibilitando, dessa forma, a chegada de mais profissionais. Atualmente investidores estrangeiros possuem apenas 2% das ações operando nesse mercado.
Mas fica o alerta aos nossos leitores, durante o café da manhã, procure saber como andam os ânimos na Ásia, pois movimentos drásticos no mercado chinês vão se tornar cada vez mais comuns, e os impactos nos seus investimentos são diretos.
(1) Mercado: é o local no qual agentes econômicos fazem a troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. (2) Câmbio Flutuante: é o sistema em que as operações de compra e venda de moedas funcionam sem controle sistemático do governo. O valor das moedas estrangeiras flutua de acordo com a oferta e a demanda no mercado.